Tem conspiração e auto-conspiração. A segunda é essa de que agora acusam a Caravana de Lula: gente do PT atirou nos ônibus em que trafegavam pelo Oeste do Paraná. Nós de Curitiba e do Paraná somos vacinados na conspiração e na auto-conspiração. Teve o caso Ferreirinha na disputa do governo e teve o plano Cohen na disputa da prefeitura. Nos dois casos o culpado não era o suspeito culpado.
Nos anos 1930 Plano Cohen de verdade era falso, montado pelo capitão que ajudou a dar o golpe de 1937 e depois, já general, participou do golpe de 1964. Era imitação barata de outro, vindo da Húngria, para derrubar o líder Bela Kuhn (Cohen, nome judeu, em húngaro) – um e outro na linha da conspiração mundial dos judeus. Já se compara os tiros no PT com o assassinato de Celso Daniel, coisa interna.
Na auto-conspiração o conspirador conspira contra si mesmo e culpa terceiros. Portanto, os tiros nos ônibus do PT teriam esta racionalidade: gente do PT atira em gente do PT para fazer Lula de vítima e reverter o clima de animadversão contra ele. (Perdoem a palavra animadversão, que nunca usei por falta de assunto; é sinônimo de ódio). A auto-conspiração, felizmente, nasce com pernas curtas, logo se descobre.
Portanto, caro leitor, não caia no desvario das redes sociais sobre a auto-conspiração. Não especule, não passe ridículo, atestado de cretino. Relaxe, espere e aproveite. Logo saberemos se o PT atirou no próprio PT ou os adversários do PT atiraram no PT e acertaram as próprias cabeças – ou que nome se dê àquilo que sustentam pelo pescoço. A teoria da auto-conspiração aproveita ao que conspira.