Apequeno, apequenas

INCORRIGÍVEL OTIMISTA, vejo algo positivo na discussão se o STF deve decidir se Lula vai preso depois do julgamento em segunda instância: o verbo. Não o verbo ‘prender’ que só desejo para os piores inimigos. Penso no verbo ‘apequenar’, perdido no vocabulário de nós humanos normais e presente no vocabulários dos humanos excepcionais, essa brava gente da Justiça – ia dizendo anormais, mas me segurei, evitei me apequenar. Nestes dias o verbo apequenar foi usado duas vezes, graças a Lula.

A ministra Cármen Lúcia, presidente do STF, diz que o tribunal não iria se apequenar ponto em pauta a matéria, em exclusivo benefício de Lula. A resposta veio rápida, do criminalista-celebridade Antonio Carlos Kakay de Castro: “ninguém se apequena ao defender a liberdade”. Os dois estão certos, tenho que admitir. Também estão errados. Um assunto tão pequeno como a corrupção de presidente exigir tanto debate. Ou um assunto tão grande como a corrupção presidencial levar a tão pequeno debate. 

Mal refeito do arrepio causado pela disputa, algo do gênero a do filme sobre o ensino do evolucionismo na escola do Sul dos EUA, pensei no objeto da discussão, Lula, e seu mastim (qual o feminino de ‘mastim’? Mastinha?), a senadora pororoca: ele se apequenou, ela se apequenou na disputa sobre a prisão? Sim, ele se apequenou ao decidir ser o juiz de sua dignidade. E a mastinha? Diria que se apequenou, mas não, continua do mesmo tamanho, menor não pode ficar.  

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