“Não é que vamos fazer insurreição, grandes mobilizações. Mas não vamos aceitar calmamente.” Palavras de quem? Claro, dela, Gleisi Hoffmann, ontem, após passar o dia dando ombro para Lula, amofinado com sua situação judicial. Já que a calma é o moto, a senadora está calma?
Não, nem um pouco, apenas em palavras, como esse ‘calmamente’. Mera retórica de atenuação, como o ‘não é que vamos fazer insurreição’. Ou tem maracugina na bolsa de Gleisi ou um inspirado jorrou jato de luz na presidente para fazê-la compreender que insurreição seria bandeira para Jair Bolsonaro.
A menos que outro pensador do partido, e o partido os tem aos montes, sugira que na eventual prisão de Lula a melhor estratégia seja o ‘quanto pior melhor’, um Bora Insurretar, fiel ao discurso gleisiano. (Faço penitência pela flexão bárbara de ‘insurrecionar;’ insurretar tem sabor petista).
Como diria um personagem de Machado, mal pude conter o frouxo de riso ao ler que a senadora presidente exclui “grandes mobilizações” se Lula for preso. Nesse momento me perguntei, ‘nem uma como aquela na Rede Globo no Dia Internacional das Mulheres?’.
O MST das fêmeas escrachou a Globo, suposta algoz de Lula. Gesto mais surreal que cretino (‘cretino’ entra no léxico de Gleisi contra o Judiciário). Por que não o foro do juiz Sérgio Moro. Fico vendido quando nos poupa de grandes mobilizações. O PT consegue hoje grandes mobilizações?
A senadora não demarca a fronteira entre a falsa esperteza e o ataque de nervos. Ao ler declarações de Gleisi – poupo-me de suas estridências – torço para que se decida logo o processo de Lula. E que o PT convoque assembleia para eleger novo presidente. Ou nova presidenta.