HAMILTON MOURÃO, general vice-presidente de Jair Bolsonaro e hoje senador pelo Rio Grande do Sul, sai do silêncio para instar as Forças Armadas a reagirem contra “os arbítrios” do ministro Alexandre de Moraes. Só por isso merecia ser preso e na sequência, cassado. Porque arbítrio corrige-se com recurso ao judiciário, mesmo quando o arbítrio é do judiciário, pois sempre há um juiz acima do juiz arbitrário. Militar fardado não corrige arbítrio. Militar fardado comete outro arbítrio, essa mancha na história do Brasil. A reação de Mourão lembra as reações e ações dos generais golpistas de Bolsonaro investigados no “arbítrio” de Alexandre de Moraes.
Mourão é do tempo – infelizmente com representantes entre os golpistas, educados sob currículos militares inalteráveis desde a Guerra Fria – em que as Forças Armadas se punham acima da nação, na posição arrogante, inexpugnável, autossuficiente e autoassumida de tutoras do Brasil e dos brasileiros, arbitrárias, em suma. Infelizmente também há brasileiros, ao que parece metade da população, que se auto assume dependente, tutelada, hipossuficiente, que está sempre a reclamar a intervenção militar. Meio a meio é receita de guerra civil, ou de “grande guerrilha” (sic), como o inconsequente Jair Bolsonaro disse do risco do golpe que alimentava.