Círculo vicioso

DELTAN DALLAGNOL, procurador-astro da Lava Jato, reclama que o mandado de busca coletivo será permitido ao Exército na intervenção federal do Rio de Janeiro e não é permitido à PF e ao Ministério Público em buscas no Congresso Nacional. Assim, olhando de longe, pode-se simpatizar com a queixa de Dallagnol, aquilo de tratamento igual para os iguais, ou seja, os suspeitos da prática de crimes, que tanto existem nas ruas do Rio quanto nos gabinetes de câmara e senado.

Porém o procurador esquece o aspecto prático da busca coletiva: no Rio, quando for fechado um prédio, uma rua, um bairro para a busca, o crime pára, trava-se a quadrilha e a cidade anda; no Congresso Nacional a busca terá que ser em cima das quadrilhas, que são formadas com base nos partidos; os partidos, por sua vez, funcionam em bancadas. Assim, a busca coletiva no Congresso pode parar o crime, como acontecerá na busca coletiva do Rio.

Mas ao contrário da busca coletiva no Rio, a busca coletiva no Congresso não pára a quadrilha, Vai parar, sim o poder legislativo e com isso acabará parando o país. Parando o Congresso -e por extensão o Brasil -, não se pode votar sequer o decreto da intervenção federal no Rio, que permite a busca coletiva. Acaba em círculo vicioso, que lembra aquele círculo do PowerPoint de Dallagnol, em que Lula aparece no centro, cercado de corruptos. 

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