A cor da cortina

De lambança em lambança, o STF leva sua contradança. O assunto Lula continua indefinido, adiado, o ex-presidente não vai preso. Não, não vai preso jamais, não temos instituições fortes para tanto. O STF deu-se um tempo para conciliar sua discordância. por enquanto. De qualquer tribunal, sobretudo aquele que dará a última e definitiva palavra espera-se a tão cantada ‘segurança jurídica’ – de que o direito foi dito em definitivo. O STF tem feito isso, nem com segurança, nem definitivamente.

O pior está naquilo que ninguém vê: o vilão está certo. Sim, Gilmar Mendes, o ministro que amamos odiar tem dito que precisa ser dito sobre o STF. Com prepotência, arrogância, irritado na posição de dono da verdade. Tem mudanças de humor e de jurisprudência – como a prisão após a segunda instância, que soa como mera diatribe, ciumeira de estrela. Até agora não brigou com os colegas Rosa Weber, Alexandre Moraes e José Toffoli. Não demora, à menor contrariedade cai de pau.

Na sessão-barraco que protagonizou com Luís Roberto Barroso, Gilmar apregoou amizade com a presidente Cármen Lúcia, tão antiga que se revelasse o tempo exporia a idade da colega – uma indelicadeza a qualquer mulher, mais ainda à presidente do STF. Gilmar aponta nos outros os erros que comete, embora deles não se absolva: esse estrelismo de opinar sobre tudo, a todo tempo, esquecendo o espaço físico e institucional em que atua o STF. Tem sido o síndico de encrenca com o conselho do prédio.

Espaço físico, ou seja nos limites dos autos do processo. Desde o começo da república nunca o STF nos deu espetáculo chocante como esse entre Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso. Mera disputa de egos, um inflado, outro degenerado. Porque na matéria em discussão havia consenso. Concordaram em discordar, discordaram em discordar, discordaram em concordar? Pareciam duas doidivanas que queriam abrir a janela mas se estapearam pela cor da cortina.

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