GRANDE AMIGO de meu pai, a vida toda. Beira os noventa, lúcido, rijo como os homens da roça. Tonho, nunca o chamamos por outro nome. Bateu aqui no sábado, na sacola os ovos de galinha caipira, enleados um a um em palha de milho. Descemos à praça para o cigarrinho, fumo picado na hora, canivete afiado. Depois a pinguinha no boteco.
‘Como vai a vida’, eu quis saber. “Igual”, respondeu “acordo às cinco, levanto às seis, às sete ainda pego na enxada, ali mesmo no quintal de casa”. Curioso com a precisão dos horários, especulei: ‘O que você faz das cinco até as seis?” “Ora”, respondeu, arzinho maroto, “de vez em quando eu cutuco a patroa”.