O conselho de ética da câmara dos deputados abre processo de quebra de decoro contra Jean Wyllys. Em entrevista perguntaram ao deputado o que ele gostaria de fazer na iminência do fim do mundo. Gay assumido, ele respondeu: “Iria transar com quantas pessoas eu pudesse”. Foi considerado quebra de decoro. Seus colegas de câmara parece que não transam ou só transaram uma vez: quando o mundo começou.
Wyllys podia ter dito o que pensa qualquer deputado mesmo sem a ameaça do fim do mundo: “vou roubar até o forévis fazer bico, tirar propina até de mendigo”. Aliás, não só pensam assim os deputados como fazem exato isso. Afinal, é questão de decoro. Decoro, na vida em geral e na política em particular, significa hipocrisia. Hipocrisia na clássica definição de La Rochefoucauld, é “a homenagem que o vício presta à virtude”.
Em suma, com ou sem o fim do mundo, Jean Wyllys pode transar com quem ou como bem entender, até com a maçaneta do gabinete. Mas contar, não, que é quebra de decoro. O mesmo vale para roubar desbragadamente: não pode contar, nem a façanha, nem o dinheiro – como os que são filmados contando a propina. Curioso que o político ladrão não cai pela quebra do decoro. Tanto cúmplice lá, falta dequórum.