O PREFEITO João Dória, de São Paulo, assinou compromisso de cumprir seu mandato até o fim. Isso antes da eleição. O então prefeito Beto Richa assinou o mesmo compromisso, antes da reeleição. Nenhum dos dois cumpriu o mandato até o fim, ambos deixaram as prefeituras para disputar os governos de seus Estados. O que vale dizer que nenhum cumpriu o compromisso.
São mentirosos, falsos, poltrões que brincam com a credulidade do eleitor? Não, nunca, jamais. Os chefes de Executivo que assinam e descumprem os compromissos na realidade sofrem de uma enfermidade moral, tipo doença do espírito. Entre a campanha, a posse e a eleição para o cargo maior acontece o reboliço no senso de lealdade do político com seus eleitores.
Trata-se de doença autoimune. Sabe como funciona a doença autoimune? Explico, sofro de uma. Ela fica anos escondida no organismo e quando você menos espera aparece fazendo estragos. Chama-se autoimune porque não tem remédio que cure. O remédio apenas atenua ou reduz seus efeitos. A autoimunidade significa que a doença traz nela o antídoto à sua cura. Reumatismo, gota, por exemplo, são autoimunes.
Ainda não está bem definido no CID, o código das doenças, o nome da enfermidade dos políticos. Existem os remédios: ação de improbidade, cassação, impeachment, prisão preventiva, prisão em segunda instância – se o STF deixar, o que parece pouco provável. Esses remédios são como o remédio para o reumatismo, outra autoimune: atenuam os efeitos e não curam a causa.