Giclê entupido

AQUI sobre a mesa tenho cinco livros sobre Hegel. Na sala ao lado, um ‘Kant para idiotas’ – ou Kant for dummies, como chamam os gringos aos livros para ignorantes – que já li quatro vezes, rabisquei e não entendi. Vou ter que ler de novo para entender a filigrana sutil e abstrata com a qual o ministro Ricardo Barros, da Saúde, estabelece a diferença entre os médicos do Brasil e os médicos de Cuba, que ele continua a importar: “Em Cuba eles cuidam da saúde. No Brasil, cuidam da doença”.

Além de reler Kant pela quinta vez e pedir para o professor César Augusto Ramos, craque em Hegel, me explicar o filósofo, vou antecipar a consulta com o doutor César Kubiak, meu médico. É que o doutor Kubiak cuida de minha saúde há quase trinta anos e desde então as doenças não me pegam. Ou será que o doutor Kubiak cuida de minhas doenças e mantém a saúde em alerta? Até que me explique só sei de uma coisa: vou pensar duas vezes antes de votar na mulher do ministro para governadora do Paraná.

O ministro Ricardo Barros, esse cara me consome, é muito sutil para meus dois neurônios, um deles com o giclê entupido. Ou estou mal acostumado aos oito anos do raciocínio simplista de Beto Richa ou sou burro mesmo. Na dúvida, tenho que tomar cuidado com o casal Borghetti-Barros. Pelo que tenho visto até agora marido e mulher dão nó em pingo d´água e tiram a meia sem descalçar o sapato. Afinal, o que veio antes, a doença ou a saúde, a galinha ou o ovo? Valham-me os Césares, Ramos e Kubiak. 

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