Licença poética

SEMPRE INOVADOR, o Brasil pode ter o primeiro presidente com a primeira filha de braços amputados. Melhor – ou pior: por ela mesma, sem ao menos deixar um deles para escrever a história. O primeiro presidente é Michel Temer. A primeira filha é Luciana, doutora e professora de Direito na mesma matéria na mesma universidade onde o pai fez carreira.

Luciana declara que ficará braceta se ficar provado que o pai falou “tem que continuar isso aí” na conversa com Joesley Batista. Lembram? Aquele grampo do encontro noturno no Palácio do Jaburu onde se teria discutido propina da Friboi ao deputado Eduardo Cunha. A quase biamputada defende o pai, como fez João Sem Braço, ex-filho adotivo de Temer.

O nosso João é o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, na época assessor de Michel Temer. Luciana nunca podará os braços. Trata-se de licença poética da filha que se orgulha do pai, que em viagens de família declamava inteiro o ‘Navio Negreiro’, de Castro Alves. Quanto a Rodrigo, ele apenas imitou o João do folclore: entregou o conseguinte do “isso aí”, e conservou os braços.

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