Irresponsável, inconsequente

Se a esquerda radicalizar, a resposta pode ser novo AI-5.

DE EDUARDO BOLSONARO, filho número 03, ex-quase futuro embaixador do Brasil nos EUA e atual periclitante líder da bancada do PSL na câmara dos deputados.

Pois bem, e quando a direita radicaliza, como acontece desde a posse do pai do deputado? Teremos uma Sierra Maestra? Vivemos as provocações, mais fortes e radicais que as da esquerda, todos os dias, todas as horas, em todos os lugares, seja pelo presidente na pessoa física, seja pelo ventríloquo do presidente, o filho 02, marechal de campo das milícias digitais bolsonaras.

A frase do filho e o comportamento do pai desvendam, primeiro, a inaptidão de todos os políticos da família para o convívio dialético e conturbado da democracia representativa; segundo, e por causa disso, a desembuçada vocação de todos, do pai como educador e dos filhos como mal educados, para o regime autoritário. Nada há que justifique a ameaça do filho, seja como filho, seja mais ainda como deputado federal, escravo da legalidade.

A esquerda não é santa, longe disso, seus líderes têm folha corrida e alguns deles, respeitáveis, migram para o regime semi-aberto. A esquerda, sem dúvida, não engoliu a eleição atípica e circunstancial de Jair Bolsonaro. Mas a esquerda faz o que fez Jair Bolsonaro quando na oposição: bombardear o adversário (inimigo, na concepção dele) sem quartel, como diria o desabrido tenente. Acontece que democracia é equilíbrio instável entre contrários.

Quem arbitra o conflito nas democracias, mesmo instáveis – vide Alemanha, França e Itália, vide Argentina – são as instituições no quadro dos poderes, autônomos e interdependentes, diz a Constituição. Isso no evangelho que vem de John Locke, passando pelos Federalistas dos EUA e pelo Abade Seyès. No evangelho dos Bolsonaro, a cada dia mais se demonstra, a reza é outra, vai de Hitler a Mussolini, liturgia de Joseph Goebbels.

Só pela apóstrofe, mais imbecil que atrevida, o deputado merece cair no conselho de ética e ter cassado seu mandato. O que diz, a ameaça, o saudosismo do período negro história recente, não tem sequer a cobertura protetora da imunidade parlamentar da liberdade de expressão, porque o deputado incita à violação da Constituição. Estivesse nos EUA como embaixador aprenderia que por menos o presidente Trump enfrenta um impeachment.

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