Unânime? Nas catacumbas

O MP fica constrangido com o julgamento apertado.

O procurador Antonio Marchi Jr, de Minas Gerais, explica a demora na prisão do governador Eduardo Azeredo, criador do mensalão tucano. Diz que as decisões têm sido em margem apertada, sempre de 2×1. Não fosse em Minas era de dizer que é coisa de mau perdedor, ou de perdedor petista. Em Minas é o maneiro-mineiro.

Para as duas espécies de perdedores a maioria apertada só vale, é legítima, é ‘democrática de direito’ quando está do lado dela, ou deles, na gramática liberal. Se a maioria estiver do outro lado e prejudicar o mau perdedor, ela não é legítima e não é ‘democrática de direito’. Um ‘golpe da maioria apertada’.

Qualquer advogado, menos o advogado petista, entende que ganhar por maioria ou perder por maioria é da natureza dos julgamentos colegiados, em que a decisão é coletiva, como nos tribunais. Se a “margem apertada” é perniciosa só existe uma solução, “a decisão por unanimidade”. Desde 2011 se busca essa unanimidade no caso Azeredo…

Essa unanimidade é o sonho utilitário daquela minoria às vezes apertada, às vezes maioria apertada, que vão e vêm no Supremo de Lula. O procurador Marchi é muito mineiro e maneiro para avançar na última consequência de seu raciocínio: a unanimidade é a camisa de força do pensamento. Unanimidade é primeira instância. Depois é o deus-nos-acuda.

A decisão unânime é própria dos julgamentos do Taliban, do Exército Islâmico, de Cuba e da Coreia do Norte, a unanimidade das catacumbas. E no Brasil com o primeiro Tiradentes, condenado pela unanimidade de um, D. Maria I, ‘A Louca’. O segundo Tiradentes está nesse vai-não-vai mineiro-maneiro em busca da unanimidade conveniente.

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