Naquele jeito bem seu, de falar com camisinha na língua, Michel Temer diz que “seria uma covardia” não disputar a eleição para presidente. Direito dele, que não é melhor nem pior que qualquer dos candidatos postos. No espírito de escolher o menos ruim, o eleitor consciente – atenção para o ‘consciente’, um milionésimo do eleitorado – pode votar nele depois de compará-lo com os demais. Acontece que hoje Temer aparece no jornal pedindo a benção de José Sarney.
Aí não passa. Ele pode consultar Sarney o tempo todo, como sabemos que faz. O ex-presidente é fonte inesgotável de conhecimento e esperteza políticas desde a Ditadura militar, um dinossauro vivo e lúcido. Mas não pode ser visto em público apoiando qualquer candidato. Temer, porém, arrisca, é homem de sorte e tem se mostrado audacioso. No entanto, Michel Temer abusa de sua ‘marca de Caim’, aquela que Deus pôs para proteger o primeiro fratricida da Bíblia.