Peço perdão a Simara & Simaria e a Jojo Todynho
ESSA LEI – é lei mesmo? – de que tudo tem limite, vale no Brasil? Alguma vez valeu? Dedicado, mas medíocre, estudante da História, diria que ela nunca valeu. Corrijo: se for lei, nunca vigorou, tantas vezes foi revogada. Existe a contra-lei: nada tem limites no Brasil.
Entre nós ninguém é inocente, alguma ou muitas vezes todos saímos da linha. Mas somos amadores, jogadores de várzea. Interessa saber dos profissionais, os homens de Estado, desde o cimo dos poderes e apêndices até o amanuense do protocolo. Mais a burocracia dos partidos.
Desde a missa de Cabral até o último sacrilégio do outro Cabral vivemos sob a contra-lei, nada tem limite. Há os legisladores que fazem a lei e os intérpretes da lei, gente que trafega entre a burrice cristalina e a dolosa deturpação dos fatos. Vamos nos fixar no espectro da política.
A morte da vereadora Marielle Franco. Tem o ódio que tripudia sobre sua vida e trajetória política: negra, homossexual, militante de esquerda. Ao que se agrega calúnia e difamação: mulher de traficante, eleita pelo tráfico, morta pelo tráfico. O assassinato de seu caráter é letal como bala de festim.
Do outro lado há o recalque, pior, que faz como o abutre, alimenta-se do cadáver. A rapina política veste-se da falsa plausibilidade, e esta supre de bálsamo os frustrados: caso de PT e petistas, que não sobrevivem sem clamar contra o ‘golpe de 2016’.
Entre eles há os equivocados e os perversos. Sempre a milonga do golpe, o impeachment de Dilma. Golpe, se foi, bendito golpe que nos poupou do presidente mais inepto que tivemos – Dilma, que quando aciona o cérebro, ele trava, não há tranco que faça engrenar.
Dilma, a Simaria da dupla com Gleisi Hoffman, a Simara, sugere que a morte de Marielle Franco “faz parte… do golpe”. Faz parte? Os golpistas mataram Marielle? Armaram os assassinos? Planejaram o crime? Dilma foi eleita duas vezes. Essa afirmação não é só burra. É estúpida!
O PT de Simara decidiu que “a militarização de esferas de competência do poder civil” (a intervenção no Rio, em bolodório estudantil) levou “à mais recente e trágica consequência [que foi] o assassinato da companheira Marielle Franco”. Pior que mentira: canalhice.
A milonga do golpe recebeu versão “que tiro foi esse” deErika Kokay (PT/DF): Marielle Franco morreu “por uma bala azeitada pelo golpe que este parlamento deu à democracia deste país”. Na estranha crase a deputada sugere que o golpe foi presente para a democracia. Faz sentido.