Não seria o teto?

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“Após a colisão, o piloto da moto foi ejetado e parou sobre o teto do [outro] veículo” (no inefável Banda B). Não seria o telhado? Erro que não tira pedaço. Raimundo Magalhães Júnior, celebrado escritor do século XX, traduziu a peça de Tennessee Williams, Cat on a hot tin roof (gata em telhado quente) para Gata em teto de zinco quente. Todo mundo reclamou e fez mofa, mas o título perdura no Brasil em forma de livro e reclames da peça – esta, um tour de force para atores, com frequentes lançamentos na Broadway ou no cinema (o clássico com Elizabeth Taylor e Paul Newman, mais outros, com destaque para os com Tommy Lee Jones, Jessica Lange e Ned Beatty, o último com a maravilhosa Sienna Miller). A história é como a dos Três Mosqueteiros, daquelas que não cansamos de rever.

Na Itália, por força do idioma, o título adotou o “tetto”; Espanha e Argentina adotaram “tejado”, o cognato perfeito para o português. Os gatos têm agilidade para subir e correr pelo telhado, não de ponta-cabeça na parte interior, o teto. Mas isso não o impeça de assistir pelo menos o filme, puro teatro, na versão clássica de Taylor/Newman. Ao assistir não se deixe enganar pela primeira impressão da história, do filho que não queria transar com a mulher para garantir herdeiro para o avô, fazendeiro do sul dos EUA. O buraco é mais em baixo: Newman não transava para engravidar Taylor porque sofria com o suicídio do namorado. O motociclista não sofreria queimaduras do teto do outro veículo. Já no telhado, queimou-se e quebrou-se todo.

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