O avatar de Leprevost

ANOS 60/70, político promissor, jovem, bonito, bem nascido, rico, advogado que se dava ao luxo de só fazer inventários e processos de despejo de imóveis próprios. Por tradição de família educado na cartilha de Getúlio Vargas, o trabalhismo. Olhando para trás diria hoje que é o avatar do deputado Ney Leprevost – noves fora o trabalhismo.

Tinha tudo para subir, senador quantas vezes quisesse, governador quatro vezes, até vice-presidente de um FHC. Com os ternos príncipe de Gales bem cortados pelo alfaiate paulista, o céu era seu limite. Quase um Jânio Quadros, que se vestia, fazia o bigode e passava brilhantina para ficar parecido com Anthony Eden, primeiro ministro inglês.

Imbatível na zona eleitoral do Country, muitíssimo querido pelo povão – Joãozinho Trinta explicou que povo gosta de riqueza e quem gosta de pobreza é o intelectual. Assim como subiu, a carreira despencou. Nunca disse o que o levou ao exílio dos inventários e dos processos de despejo. Teria sido o baile na sociedade de bairro, ele convidado de honra?

O cerimonial dava-lhe a prerrogativa da primeira dança com a rainha do clube. Dançou uma valsa, devolveu a moça e voltou para a política com o presidente do clube: “O que achou da moça”, perguntou-lhe o presidente. “Dança bem, mas tem um cheiro de sovaco!” A moça era noiva do presidente. 

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