O buraco do urutu

O MST bloqueia o tráfego em 50 BRs em protesto contra a condenação de Lula. Mexem com fogo, caminhoneiro não é polícia rodoviária, que parlamenta e organiza. Caminhoneiro é trabalhador autônomo – aliás, trabalha, coisa que os militantes do MST não fazem, primeiro porque não têm terra, segundo porque venderam a terra que conseguiram, terceiro porque levam dinheiro da CUT e dos sindicatos de esquerda. E neste Brasil estranho, também levam dinheiro do governo.

Caminhoneiro tem prazo, mercadoria perecível, vive estressado, com pouco sono e em não poucos casos trabalha turbinado com remédio. Caminhoneiro bloqueado na estrada pega a chave de rodas e quebra a foice – sem fio porque sem uso – do sem terra profissional do MST. O PT e o MST não trabalham para libertar nem para eleger Lula. Trabalham na verdade para eleger Jair Bolsonaro, pois essa fatiota de vestal conspurcada com a qual cobrem Lula não convence.

Os coxinhas das classes médias estão furiosos com Lula. Criar impedimento a caminhoneiro agrega mais contingente à direita de Bolsonaro. Melhor que isso será quando o MST bloquear a entrada do Exército nas favelas do Rio. Por que não fez isso agora? Não fez por medo e cálculo de utilidade. Ali o buraco é muito mais embaixo. Tanto o buraco dos traficantes quanto o buraco do urutu. Não dá visibilidade, porque tem coisa melhor para explorar no Rio: os intelectuais festivos que o digam.

No Rio, o PT industrializa a morte da vereadora Marielle Franco em benefício de Lula, como no ato em defesa da democracia, mais de Lula que das Marielles. Em tempo: ‘democracia’ no Brasil passa a significar tolerância com a corrupção; ‘defesa’ significa impunidade. O PT e seus satélites nos cansam na insistência em trapalhadas e nas tolices que saem pela boca de sua liderança – ressalvadas figuras de expressão, quietas, seja por oportunismo, seja por vergonha.

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