CARO, dei uma passada hoje na Biblioteca Pública. Coisa de loco, achei que não estava no Brasil, nem mesmo no Paraná. O negócio lá está virado no avesso, obras e mais obras. Você sabe que meu negócio é best seller, mas sempre fui freguês da Biblioteca, tanto que a primeira providência quando cheguei em Curitiba foi fazer o cartão de leitor. Depois voltei pro quartinho alugado e chorei de saudade de casa e da namorada.
Se desde aquela época pouco mudou na biblioteca, hoje ela parece um centro de convivência pra letrados, desocupados e aposentados. Não sei o cacife do secretário da área, que deve ser baixo, pois cultura neste governo só a do soja. Sei que o dinheiro só sai se outro permitir, o secretário das mãos de tesoura, que só entesoura e não permite pagamentos, aumentos e faz o Paranaprevidência indeferir direitos dos funcionários.
Sacomé, tem eleição pela frente e pra ela junta-se o dinheiro, jura-se que o cofre está explodindo de grana e no dia seguinte o povo fica sabendo que era erro de cálculo, culpa da dilma de plantão. Cheguei a pensar que o primo distante ou o pecador arrependido arrancou dinheiro pra biblioteca. Pura fantasia, esses caras estão mais pra livros de cheque e de caixa um e dois. Todos, até o livro de colorir, bem escondidinhos em casa.
Não faço turismo Hellmann’s nem viajo na maionese pra bater palmas a Beto Richa. Que não é um Bento Munhoz da Rocha, o governador culto, erudito e professor que construiu a biblioteca, nem um Ney Braga, que deu força pra ela. Tem coisa estranha, pode ser desvio inocente de finalidade, tipo gastar na biblioteca a verba destinada a construir um banho turco no Palácio do Iguaçu. Tou vendido. Mas muito satisfeito. (Saverio Marrone)