O CARA não deve gostar de mim pra me chamar de “escritor sem fôlego”. Está rotundamente enganado. Não sou escritor e isso que ele chama de fôlego limita-se a fraca e ofegante respiração pra viver, ler, pensar e escrever. Não me ofendo, pois como não sou narcisista também não morro de amores por mim; de resto, não me considero boa pessoa (dispenso quem vier com superlativo de concordância); flerto com o suicídio e o assunto me fascina.
Suicídio – penso com Camus, que é a única questão filosófica importante, a de pôr fim à própria vida. Tivesse dinheiro disponível compraria o voucher da eutanásia na Suíça ou na Holanda pra usar no momento crucial da desesperança. No entanto, tenho presente as limitações da covardia e da responsabilidade na autotanásia. Pra se matar, a pessoa tem de ser valente e não suportar a vida, pensar no sofrimento da família que terá de assimilar e juntar os pedaços.
Entre meu leitor/detrator e eu vai outra confidência: escrever e publicar é o prazer solitário que me resta. E que, ao contrário do clássico, não me exige fôlego.
Não digo que flerto com o suicídio, mas, confesso que também tenho meus pensamentos intrusivos e, até mesmo, mórbidos.
Leio todos os dias seus insultos diários, concordando ou discordando com veemência. Muitas vezes, batendo palmas. Raramente, comentando. Quase sempre, com um bom café. E, repito: Por favor, continue!