O ESTADÃO de hoje pega no pé do deputado Rubens Bueno porque ele recebe auxílio-moradia da câmara, os R$ 4.253 dos juízes, e mora no apartamento da mulher. A menos que o senador Roberto Requião encha o saco com a história de “limpinho”, o deputado está nem tchuns para a questão, não distribuirá sopapos como fez contra o dito senador no aeroporto de Maringá (foi em Maringá?). Bueno não se sente nem um pouco constrangido, e tem a melhor explicação: o apartamento “é patrimônio dela [da mulher], não meu”. Se isso não pusesse a pá-de-cal na discussão, Bueno – limpamente – deixa claro que paga aluguel para a mulher.
Maravilhosa senhora essa que aguenta a chatice de Brasília para acompanhar o marido. Bueno, aliás, repassa-lhe integral o auxílio-moradia. É um apartamentinho merreca, 72,30 m2 de área total; o deputado nem deve alternar com sua senhora o uso dos confortos: num dia dorme na cadeira, no outro, também. Cavalheiro, cede a cama para a mulher. Por livre escolha dos italianos transplantados e graças à educação dada pelo casal, a filha é deputada na Itália e a senhora Bueno descansa do cafofo brasiliense em aprazíveis temporadas na Cidade Eterna, onde Renata, a filha, abrilhanta o Parlamento, um xodó da Destra à Sinistra. Se não se cuidar, a moça vira ministra de Berlusconi.
Não me perguntem se Renata recebe auxílio-moradia porque não sou letrado em coisas da Itália. Excepcionalmente estou com Rubens Bueno neste caso do auxílio-moradia. Só com ele e apenas neste caso; posso abrir dissidência em situações análogas, desde a área do apê até o size do leito conjugal. É que vivo situação análoga: também moro no “patrimônio de minha mulher”. Saem de meu bolso o aluguel, o condomínio, o IPTU, a diarista, o pintor e o eletricista. Nem vejo a cor do salário, que ela, como fazem alguns deputados, pega inteiro e me repassa o suficiente para a Serramalte da semana e a mensalidade do Paraná Clube – e só agora, porque na Série A do Brasileirão.