Soma zero

O GOVERNO LULA estaria a tentar convencer parlamentares a destinarem ao PAC suas emendas ao orçamento. Em português de botequim seria como pedir ao bandido para entregar na caixa de coleta do templo o dinheiro arrecadado em assaltos – sem sequer descontar o pro labore e a despesa com a munição para o assalto. Não se espante, não é ingenuidade do governo. É esperteza e demagogia para deixar mal o Centrão com aquele raro eleitor que pensa que pensa. Esse é o tal jogo de soma zero, em que um ganha apenas se o outro aceitar perder.

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Vexames

JAIR BOLSONARO levará dois assessores, pagos pelo Tesouro, para a posse de Javier Milei à presidência da Argentina. Um para cozinhar o miojo, outro para traduzir os palavrões e as piadas de mau gosto para o espanhol. Seria um vexame não fosse o vexame argentino. Para sorte do Brasil e dos assessores, não haverá revista de malas na alfândega.

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Obrigado, doutor

MUITO OBRIGADO, hoje e sempre, ao doutor César Alfredo Pusch Kubiak, a quem devo a sobrevivência, física e espiritual. Nos últimos trinta anos ele esteve presente salvando-me de novos erros médicos e atenuando as irreversíveis falhas genéticas. Devo-lhe mais uma, recentíssima: a brutal e extensa distensão muscular de sexta, sábado e domingo, que me manteve imóvel, quando até o pensamento é dolorido. Médicos modernos merecem descanso aos fins de semana e quis poupá-lo de meu drama casual, ele que vive o seu, insidioso e resistente a analgésicos e antibióticos, que tem combatido com a força de seu talento e a intensidade de seu amor. Entre a iniciativa autônoma e desesperada de buscar o pronto socorro, levado pela ilusão do auto diagnóstico, procurei o doutor. Em minutos ele afastou a ilusão especulativa. Uma receita e estou aqui, saúde e auto estima recuperadas.

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Fé de mais

FERNANDO COLLOR acusa a Rede Globo de má fé por rescindir o contrato de repetição de seus programas na rede do ex-presidente em Alagoas. Nessa briga de fé de lá e fé de cá o melhor é acender incenso e fazer descarrego.

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Laranja de si mesmo

BOLSONARO é imbrochável – uma presunção relativa, que pode ser derrubada a qualquer momento, junto com seu instrumento. O ministro Juscelino Filho é imexível, impunível e intocável. Tem indulgência plenária, o bill of indemnity dos americanos. Pode fazer o que quiser no governo, tipo desviar dinheiro de emendas para suas propriedades, as fazendas de cavalos, ou para asfaltar a estrada que leva da cidadezinha onde a irmã é prefeita à capatazia equina do ministro. Esta semana soubemos de mais uma juscelinária, a emenda ao orçamento para destinar dinheiro para uma de suas empresas. Acontece que a empresa só existe na imaginação de Juscelino, pois não tem estabelecimento, empregados, sede física e diretoria. Juscelino é o mago que se reinventou como laranja de si mesmo.

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Melhor não iniciar o fogo

O HAMAS aceita o cessar fogo com Israel, isso depois dos quase 15 mil mortos na guerra. Se o Hamas não tivesse iniciado o fogo com ataques, mortos e sequestros de israelenses não haveria tantos mortos e tamanha destruição. E seria dispensável o cessar fogo que destruiu Gaza e por pouco não dizimou sua população, deliberadamente usada como escudo à retaliação de Israel e instrumento de propaganda tanto do Hamas quanto do próprio governo israelense. Os excessos tanto no ataque quanto na defesa foram ditados pelo espírito das relações sempre tensas entre Israel e os palestinos. A solução, ou mesmo a atenuação do conflito, é a negociação, como agora aconteceu para o cessar fogo. Mas continua em aberto a evidência de o povo palestino, dado como vítima histórica de Israel, é também vítima histórica dos movimentos nacionais que o usam para erradicar Israel do mapa, este um fato histórico definitivo. A velha política histórica: o povo é manipulado e vítima de seus dirigentes. Iniciado o fogo, seu cessar deixa fagulhas e brasas que acendem mais conflitos.

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Mais embaixo

O STF retoma a julgamento da revisão da vida toda, suspenso sob vista do ministro Cristiano Zanin. Se você pensa que sua aposentadoria ou pensão pelo INSS será incrementada tipo vantagens de ex-governadores e dependentes, juízes, promotores, defensores, conselheiros e ministros dos tribunais de contas e todos os demais assemelhados, pode tirar o cavalinho da chuva. Quanto se trata de mortais não togados, não assemelhados ou não privilegiados o buraco é mais embaixo.

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Consciência revoltada

O SENADOR Jaques Wagner, petista histórico, ex-governador da Bahia, andava quieto em Brasília, mesmo na condição de líder do governo no Senado. Quieto mesmo depois das declarações de Lula contra Israel, que atingem Wagner como judeu. Nesta semana o senador formou maioria contra o interesse do governo na emenda constitucional das decisões monocráticas do STF. Não só votou contra como levou pelo mesmo rumo quatro senadores de outros partidos. Os ministros da área política do governo Lula dizem não ter visto nada de mal, que não havia diretriz para a votação, em suma, Wagner agiu conforme a consciência. Sim, sua consciência de judeu, que não deve ter sido ouvido por Lula (e Janja) na condenação de Israel como terrorista.

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Catilina maranhense

MAIS UMA MUTRETA do ministro Juscelino Filho; ainda como deputado apresentou emenda ao orçamento para favorecer empresa da qual é sócio. Juscelino é o nosso Catilina, com a diferença que não tem prazo para continuar abusando da paciência de Lula, seu chefe. Sim, Lula, porque a nossa paciência está esgotada, mas os brasileiros somos todos bundões; sofremos abusos sem chiar.

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Janja, agora também comendadora

LULA concedeu a Ordem do Rio Branco, no mais alto grau, a Janja, sua mulher e primeira dama. A ordem é a mais importante e distinta condecoração da República. O regulamento da honraria abre com este parágrafo “a Ordem de Rio Branco foi instituída pelo Decreto nº 51.697, de 5 de fevereiro de 1963, com o objetivo de, ao distinguir serviços meritórios e virtudes cívicas, estimular a prática de ações e feitos dignos de honrosa menção”. Pois bem, o que Janja fez para merecer a comenda? Uma coisa, casou com o presidente e, antes disso, deu-lhe amor e carinho quando preso pela operação Lava Jato. Lula fez mal? Não, fez igual – em maior ou menor grau mas no mesmo espírito – seus antecessores. Como Jair Bolsonaro, por exemplo, que a concedeu para Micheque, sua mulher, que no governo do marido obsequiou o Brasil com vulgaridade e expressões de cinismo explícito.

No estrito teor do decreto abre-se um oceano de discricionariedade ao presidente da República para definir “virtudes cívicas, serviços meritórios e prática de ações e feitos dignos de honrosa menção”. Olhando o panorama histórico mundial, só vejo uma pessoa que mereceria a comenda por ser mulher de presidente: Eleanor Roosevelt, primeira dama de Franklin Roosevelt que, em quatro mandatos, além de ser ator decisivo na área social, fez-se ainda mais ativa depois de viúva. A comenda para Janja vem de um decreto propositadamente aberto, vago, como os decretos dos imperadores romanos, cuja legitimidade vinha da definição imperial do “lex est quod Caesar placuit”, lei é aquilo que agrada a César. A prática de comendas e faixas tem sabor cucaracha, bananeiro, vazio, vaporoso e fluido, cínica e hipocritamente viciado pelo desvio de finalidade. O presidente, feito coronel do cutelo e baraço, mima a mulher pela intimidade conjugal, alheio ao mérito cívico que justificaria  comenda.

A cláusula difusa e imprecisa da norma que regula a comenda escamoteia o imerecido. No tempo da outra primeira dama, Marisa Letícia, Lula beijava a mulher como demonstração de carinho. A comenda para Janja conforma-se ao currículo que ela inventou para si mesm: a “ressignificação”, que ainda custará caro nas relações internacionais, como dar palpite sobre o conflito da Palestina e sobre a eleição de Javier Milei. A honraria de Lula para a mulher lembra a justificativa do político fisiológico, que criticado por dar emprego à mulher e à mãe, defendeu-se com a motivação que cabe na comenda para Janja: “Elas merecem, uma porque me pariu, outra porque dorme comigo”. Se Janja pelo menos brindasse o Brasil com dois Lulinhas … afinal, os filhos de Marisa Letícia estão injustamente esquecidos com o protagonismo de Janja, igual a Micheque no isolamento dos zerinhos Bolsonaro.

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Demonocráticas

O SENADO vota nesta semana a emenda constitucional que proíbe os ministros do STF de tomarem decisões autocráticas – perdão, monocráticas.

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Novo estofamento

DÚVIDA: esse STF que está aí é o mesmo que apertou o governo Bolsonaro, que impediu Lula de disputar a presidência contra Bolsonaro, que apoiou a Lava Jato? Estranho; não mudaram os ministros, Bolsonaro só nomeou dois novos, que seguem sua orientação, e quando se vê o que o tribunal faz parece que estamos em outro tempo, outro pais, outro tribunal, com outros juízes, em espécie de revolução copernicana, um outro mundo, em suma. De novo, fisicamente novo no tribunal, são os móveis e as cadeiras que vieram para substituir os destruídos no fracasso de 8 de janeiro. Então só há uma explicação para os ministros – que continuam os mesmos: eles renovaram seu estofamento, como os móveis destruídos pelos malucos bolsonaristas. Estofamento é derivado de estofo, palavra que também se aplica ao conteúdo das pessoas.

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Pagou passou

OS CÉREBROS do governo especulam sobre quanto tempo Javier Milei aguenta como presidente da Argentina. Está certo que a Argentina tem constantes sobressaltos, golpes e sufocos políticos. Mas não é a única, é apenas a república bananeira que os teve em maior número. Nesse departamento nem Lula está garantido: é só faltar um zero na mesada do Centrão que ele também não vai até o fim do mandato. Aliás, o presidente faz um esforço imenso para cair mais cedo. Começou com o Petrolão lá atrás, que elegeu Bolsonaro presidente. Sua vitória contra Bolsonaro não foi essa maravilha para lhe dar força e liderança para desafiar os chantagistas – com quem, de resto, historicamente sempre teve excelente convívio. Basta faltar dinheiro para pagar o boleto que Lula também embarca, como o Milei da profecia lulista.

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Estratégia

A EQUIPE de Lula estaria a estudar estratégias para trabalhar com Javier Milei, o presidente eleito da Argentina. Simples, é a mesma usada com Arthur Lira e seus chantagistas amestrados: dinheiro, a toda hora, a cada exigência, a cada problema; dinheiro sonante e dinheiro oculto para aqueles que, nos cargos do governo, irão desviar dinheiro para a malta.

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