Pintalgado

ERA UM DELIVERY de polenta. Continua sendo. No jantar tinha jantar. E almoço no sábado e domingo. O cardápio, um fusion de comida italiana com o paladar brasileiro. Tinha que ser, o cozinheiro é fluminense da Baixada, torcedor do Vasco, a cruz maltina no braço. Cláudio Couto, chefe de cozinha autodidata, pagodeiro de pandeiro, fundou o Attrazzione d’Italy, vendeu – algo a ver com o nome bárbaro -, vogou em outro restaurante e agora está na esquina da Doutor Goulin com a Sete de Abril.

O cardápio, o mesmo de sempre, sempre delicioso. Cláudio suavizou os modos e a têmpera no segundo casamento, com Paula, criadora do pudim de leite de sorver de joelhos. Agora tem almoço, conferi hoje. “Daqui pra frente um cardápio mais enxuto”, diz Cláudio. Sem prejuízo, é claro, daquelas comidinhas com as quais nos viciou e que se pedir com antecedência ele dá um jeito. Como a salada de folhas e burrata de búfala com molho balsâmico “puxado no mel e limão”, explica a doce Paula.

Hoje a coisa estava meio espartana. Na falta do ossobuco, o molho do buco veio com a bracciola, que nós brasileiros chamamos de bife rolê. E aquele inefável penne ai gamberi – massa com camarão, “pra cobrar mais caro”, explica o Cláudio – pintalgado com ticos de provolone frito. O nome da casa? Não guardei, sei que tem polenteria na fachada. Saí leve e contente, como acontece com a boa comida. E ‘pintalgado’? Vem de pintar com pontos de tinta. Como o provolone no camarão.

Compartilhar:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *