Pólvora alheia

O SENADOR REQUIÃO compara Lula ao general De Gaulle, herói da França. De onde tirou isso? Do seu arsenal de chutes, que ninguém rebate, ninguém confere, ninguém refuta. Podia comparar Lula ao Duque de Caxias, também militar, também herói.

Caxias era pouco para tanta e untuosa eulogia ou a memória traiu o provecto senador? Tanto faz. Na comparação, o senador só se distingue da colega senadora pelo pensamento articulado, ainda que repleto de sofismas. E pela lembrança das leituras da juventude.

De Gaulle foi herói da Primeira Guerra Mundial, instrutor de uma geração de militares, teórico de geopolítica, comandante da Resistência às tropas de ocupação nazistas na França e mentor da futura união européia.

O parâmetro requiânico de Lula nunca teve sequer uma nódoa de corrupção em sua vida, viveu e morreu na mesma casa no interior da França. Quando percebeu estar em desacordo com a opinião dos franceses, recolheu-se à solidão e à família.

Não há como comparar os dois ‘generais’, o marechal do ‘exército do Stédile’ e o interlocutor de Churchill, Roosevelt e Stálin na II Guerra Mundical. O senador, releve-se, é oficial da arma da Cavalaria, sua percepção da estratégia vem pelas pernas, a partir da ilharga da montaria

O senador fugiu da opção da Artilharia, arma de De Gaulle, oficial que comandava blindados. Aquela história, como se diz em Almirante Tamandaré,  de que “quando a pórva é aieia o tiro é grande”. Requião atira com a pólvora alheia. Mas o tiro errou o alvo.

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