Caro, desculpe se pareço frívolo, mas bons tempos quando todo mundo usava lenço, os homens aqueles grandes, quadriculados, com ou sem monograma, as mulheres os delicados, de renda, que levavam no punho, escondidos na manga do ban-lon.
Lá na Palmeira tinha o agiota que usava dois, um para cuspir, outro para assoar o nariz e o devedor dele usava o segundo para “servir as damas”, que choravam à toa. Todo mundo tinha lenço, até os capiaus, no lenço o dinheiro mole com o ranho duro.
Acabou, gente de menos de 50 não usa lenço, nem homem nem mulher, é aquele chupa-chupa, funga-funga de esperar o catarro descer até a boca e depois puxar para cima. Meu filho, rapaz bonito e bem sucedido, é um funga-funda desses.
Pra você ter ideia já perdi concurso em que estava preparadíssimo porque o infeliz ao lado fungava o tempo todo e tirou minha concentração. Hoje estou aqui e o ranhento é desembargador federal.
Ainda ontem, tranquilo na sala de espera, lendo o ‘Tanques e Togas’, tinha do meu lado a moça, bermudas, belas pernas, traseiro empinado, peitos sugestivos, puxando a enxurrada de catarro. Bem que podia ter lei contra isso. Saúde e fraternidade. Do primo e camarada Savério Marrone.