Sorbonne da luz dos pinhais

DELTAN DALLAGNOL não é nenhum Raymond Aron, mas teve seu maio de 1968 na Direito Federal, a Sorbonne da Luz dos Pinhais. Os alunos vestiram a túnica maoísta para cassar o convite e impedir o ex-procurador da Lava Jato de palestrar sobre o contraditório no processo penal. Ao negar presença e palavra ao ex-procurador, os estudantes praticam o que condenam nas ações do juiz e do procurador – o contraditório, predicado maior do Direito. Dallagnol presente, poderiam debater, contestá-lo e até ofendê-lo e apupá-lo, no inevitável arremedo ao Circo Romano.

Ainda que Dallagnol falasse de finanças públicas, em que brilhou como aluno da Direito Federal, ele teria presença e palavra cassadas, pois mesmo seus méritos tornaram-se defeitos. Porque depois da Lava Jato, Jair Bolsonaro, Moro e Dallagnol, a inocência inconsútil de Lula tornou-se mantra e cláusula pétrea na hipocrisia estalinista da infantil esquerda brasileira. Nossa Sorbonne nunca valorizou nem aprendeu com o iluminista Voltaire, que dizia defender até a morte a palavra daquele de quem discordava, em última análise a essência do contraditório.

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