SÓ HÁ um homem público que vê as necessidades reais do Brasil. Uma opção para você adivinhar: sim, ele, Roberto Requião, senador do Paraná pelo MDB novo de guerra. Enquanto Congresso, STF, juízes, ministério público, imprensa e blogueiros encrenqueiros debatem a prisão depois da segunda instância, a reforma da previdência, o auxílio-moradia, a transa de seis horas sucessivas do nonagenário Stênio Garcia, o senador viu a uva: precisamos mudar as formas de tratamento no Brasil.
Roberto Requião quer abolir o vossa excelência, o vossa senhoria e propõe o retorno do senhor, do você, do tu e do vosmecê na correspondência oficial. Num momento de louvável humildade, talvez a constatação de sua finitude política, o senador estaca prudentemente diante do Vaticano: não propõe que deixemos de chamar o bispo de vossa reverendíssima, o cardeal de eminência e o papa de santidade. Tampouco ao cavalo, seu melhor amigo, o senador quer vetar o vossa cavalgadura.
Tem mérito a proposta do cidadão Requião – nada de sua excelência, pois vejo ademanes de um Robespierre de almanaque na proposta do senador. Sempre crítico de nosso líder trigovernador e bissenador lamento que ele não caísse num momento de legislador anti-causa própria e vedasse o ‘canalha’, onipresente em seu léxico, como modo de tratamento de seus adversários: quem sabe um ‘sua canalhice, sua canalhidade, sua canalhência’. Seria pedir demais. Roberto Requião é apenas um senador, não um santo como Lula, seu aliado.