Tantas você fez

O GOVERNO FEDERAL vai assumir, com as Forças Armadas, a segurança do Rio de Janeiro. É uma das modalidades de intervenção federal autorizadas na Constituição. A segurança pública é apenas um aspecto da administração pública, hoje o mais sensível no Brasil, sendo no Rio a situação mais grave, calamitosa a ponto de exigir a presença da União. Se a segurança é aspecto sensível da administração pública, no caso do Rio é também a mais sensível deformação da administração pública. Falando em português claro, a insegurança do Rio não está apenas na administração da segurança pública. É apenas um aspecto da intensificação da criminalidade, que vai do mais alto escalão do poder e ao mais alto escalão do crime no alto do morro.

O Rio tem um ex-governador preso e um ex-governador sob prisão domiciliar. No Rio a intervenção ideal abrangeria executivo, legislativo e judiciário, incluídos segmentos associados, como ministério público e tribunal de contas. O tribunal de contas, por sinal, opera com um conselheiro titular e os demais substituídos por auditores durante a prisão dos conselheiros titulares. O ministério público do Rio chega ao deboche, exacerbando os penduricalhos da categoria com um auxílio-escola de R$ 3.600 mensais para filhos de promotores. E foi no Rio de Janeiro e para os juízes de lá que o ministro Luiz Fux deu há cinco anos a liminar do auxílio-moradia aos juízes. Que só agora, antes de assumir a presidência do TSE, liberou para julgamento no STF.

O ministro Fux veio do Rio e tem filha desembargadora no Rio. Por que o governo federal não faz intervenção completa? Porque não há Forças Armadas suficientes. Também porque falta a tal ‘vontade política’, essa redundância que encobre e disfarça a omissão e o temor diante de assuntos que exigem coragem e desprendimento do homem público. O problema da segurança não é exclusivo do Rio. As Forças Armadas não querem a tarefa, que foge à sua missão primordial, a defesa externa.  Tanto brincam os políticos que as Forças Armadas ainda fazem como historicamente sempre fizeram: intervêm no Brasil. O que nos poupa disso, a elas e a nós, é que isso nunca deu certo – o que nunca impediu as intervenções.

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