OLHE AI esse guri, sim um guri, porque tem 19 anos, está no último ano da adolescência. Mikael Tavares de Medeiros, seu nome, é o retrato acabado da administração pública. Quase dizia ‘da tragédia da administração pública’. Não, é da patética administração pública. Mikael foi exonerado nesta semana do Ministério do Trabalho, onde exercia cargo em comissão de gestor de pagamentos: tinha sob incumbência mandar pagar valores de contratos de R$ 473 milhões anuais.
Isso veio a público na voz insuspeita de Roberto Jefferson, presidente do PTB. Para quem nasceu hoje informo que Jefferson é pai de Cristiane Brasil, a que era para ter sido e não foi ministra do Trabalho de Michel Temer, apadrinhada pelo pai na nomeação. Jefferson expôs a inexperiência de Mikael, causa e consequência de sua idade. O alerta de Jefferson teve eco, o menino acabou exonerado. Pobre guri, inocente útil e depois bode expiatório do PTB.
Não consigo alcançar real a motivação de Jefferson ao questionar a inexperiência de Mikael, 19 anos, de lidar com tanto dinheiro. Nos dados divulgados pelo Globo juntamos as peças e quase fechamos o joguinho de montar da política brasileira. Vamos lá. Mikael de fato não tem experiência de administração pública em qualquer nível, seja do nível primário de funcionário de protocolo, seja o nível terciário da alta manipulação financeira do governo federal.
O currículo do guri revela dados interessantíssimos: foi vendedor de loja de óculos, ficou em recuperação no ensino médio e estava desempregado antes da nomeação. Há esperança, pois nesse universo estão 90% dos jovens brasileiros. Não Mikael, que tem o DNA do PTB: seu pai é presidente estadual do partido. Quem demitiu Mikael depois da chiadeira de Roberto Jefferson foi Leonardo Arantes, nome chave do ministério, ainda sob ministro provisório.
Leonardo Arantes é sobrinho do deputado Jovair Arantes, líder do PTB na câmara dos deputados. Repito, qual a motivação de Roberto Jefferson, presidente do PTB, contra ações de seu partido no feudo com porteira fechada do MTb. Vamos chutar: algo freudiano, ainda por catalogar na mitologia grega das vinganças ciclópicas e dos tsunamis de sangue: “Queimaram minha filha, queimo o filho de vocês”. Jovair e Leonardo Arantes que se cuidem.