A DEPUTADA Cristiane Brasil (PTB/RJ) está naquele vai-não-vai para assumir o ministério do Trabalho, pendurada em liminares que sustam sua posse. O motivo das liminares são os processos trabalhistas de ex-empregados da deputada, situação agravada pela revelação de que o acordo celebrado num deles foi pago com dinheiro de funcionária de seu gabinete na câmara dos deputados. O que levanta aquela fumaça comum nas câmaras de vereadores de o parlamentar ‘mecanizar’ em seu proveito o salário dos funcionários.
O argumento da moralidade utilizado pelos advogados que pediram que a nomeação fosse anulada seria razoável e justificado não tivesse ocorrido no Brasil, com político brasileiro e no governo Michel Temer (aqui apenas por amostragem). Ou seja, Cristiane não é melhor nem pior – pensando bem, talvez até melhor – que os poderosos ministros do governo Temer apontados como receptores de propinas e tráfico de influência.
Nem melhor nem pior – talvez até melhor – que Luislinda Valois, a ministra de direitos humanos que pediu pagamento retroativo de sua aposentadoria de desembargadora trabalhista para cumular com os subsídios de ministro. Sob o argumento – literalmente – impagável de que estava sujeita a trabalho escravo no ministério. Um argumento ofensivo a ela própria, mulher negra, e aos afrodescendentes.
Cristiane Brasil volta à berlinda com o vídeo desta semana em que aparece numa lancha em companhia de quatro homens de sunga, ela novamente morena, com discurso que em país sério seria suficiente para desqualificá-la para ser ministra:
“Eu juro para vocês que eu não achava que eu tinha nada para dever para essas duas pessoas que entraram contra mim, e eu vou provar isso em breve. Todo mundo pode pedir qualquer coisa abstrata. O negócio é o seguinte, quem é que tem direito, ainda mais na Justiça do Trabalho? Eu só quero saber o seguinte: quem que pode passar na cabeça das pessoas que entram contra a gente em ações trabalhistas?”