Um grão de sal

GRUPOS DE DIREITOS HUMANOS, com apoio da Defensoria Pública, condenam ações da intervenção federal no Rio de Janeiro, como bloquear a entrada de favelas para revistar e fichar quem entra e sai. Não entenderam o espírito da coisa: sem isso a intervenção não funciona; sem isso não faz sentido a intervenção dos militares. A intervenção voltada para a segurança pública é operação de guerra. Não fosse, as Forças Armadas não seriam chamadas a fazê-la.

Sendo essa a regra, os grupos de direitos humanos – quanto à Defensoria entende-se que não o faça – deveriam exigir isonomia no tratamento. Ou seja, que os militares também fichassem os que estão nas praias e, via mandado de busca coletivo, os que estivessem em ruas e ambientes escolhidos da cidade. Fichar moradores dos morros e favelas tem um pressuposto discriminatório e até racista, de que ali, onde estão os da classe baixa, mora o perigo e a criminalidade.

Ainda que fosse, e se não há como negar que traficantes e assaltantes montam seus quartéis-generais nos morros, eles também atuam na cidade frequentada. Têm lá sua extensão (ia dizendo longa manus) e seus clientes. Não por acaso a visibilidade que determinou a intervenção federal veio, durante o Carnaval, de assaltos e homicídios na cidade. Em outras palavras, a criminalidade se estende por toda a cidade, não é exclusiva de morro e favelas.

Acontece nos arrastões nas praias e nos assaltos nas ruas. Portanto, a ação interventora tem que fichar, não digo todos os moradores do Rio, mas tratá-los com o mesmo critério. Sem isso a crítica da área dos direitos humanos faz sentido: a intervenção é midiática e quer conquistar almas e corações da classe média. A rapidez como foi decidida, o modo como foi concebida e os meios com que vem sendo praticada, a intervenção federal promete fracassar.

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