A vida limita a arte

Caro, lembra aqueles filmes em que o mocinho está na cama, embalado na transa, e escuta o barulho vindo de fora, pega o revólver e mata o bandido prestes a invadir o quarto. Nunca levei a sério, sempre achei exagero de cinema, porque não dá tempo de desligar do bem-bom do amorzinho, pegar o revólver e acertar na cabeça do bandido. A arma tinha que estar fácil, debaixo do travesseiro, por exemplo, porque se estiver no bolso da calça será mais um complicador.

Passei a acreditar com a notícia de ontem, vinda de São Paulo. Dois assaltantes invadiram um motel da capital e deram de cara com o PM que estava lá de folga, folgadão com seu mozão. O miliciano matou um dos bandidos e feriu outro, encontrado alguns metros, na rua. Não se esclarece se o tiro foi desferido antes ou depois da transa, nem se o policial sacou da cintura, por baixo do travesseiro ou naquele coldre amarrado na canela. Preciso prestar melhor atenção ao lance dos filmes. (Saverio Marrone)

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